Uma reflexão sobre 2020 e o impacto na atividade seguradora

A 18 de março de 2020 era anunciado o primeiro estado de emergência resultante da pandemia de Covid-19. No dia seguinte dava-se início ao primeiro de três períodos de 15 dias de estado de emergência, o qual acabou por se estender até ao dia 2 de maio. 

Portugal e o mundo viam-se a braços com um vírus desconhecido e cujas características, formas de contágio e índices de mortalidade eram de todo desconhecidos.

A questão que se coloca de imediato é: Estaria alguma empresa verdadeiramente preparada para o que se passou? E o sector Segurador, estaria preparado? Provavelmente a resposta é, não!

Foi necessário responder de forma robusta e assertiva para garantir a continuidade das empresas. O paradigma de trabalho mudou e num ápice, sem preparação alguma, foi necessário adaptar métodos e políticas de trabalho, flexibilizar processos através do trabalho remoto e assegurar que os sistemas de TI tinham capacidade para responder ao aumento dos acessos online.

A resiliência foi, sem dúvida, um dos grandes desafios impostos a seguradoras e mediadores.

Foi necessário ajustar processos de negócio, encontrar soluções digitais de comunicação, proteger e investir na segurança contra os ataques cibernéticos, mas acima de tudo nunca esquecer o cliente.

E por falar em “cliente”, estariam estes preparados para viver todas as incertezas e dúvidas que surgiam a cada dia? Tanto as equipas de trabalho como os clientes tiveram de encontrar soluções, assegurando que todas as condições para a manutenção da produtividade eram asseguradas.

Seguradoras e mediadores tiveram de se reinventar para encontrar soluções para apoiar os clientes.

E a rentabilidade, a solvência ou liquidez das seguradoras e dos mediadores? Não haja dúvidas que a situação económica teve, tem e terá um enorme impacto nos resultados financeiros destas empresas. 

Há quem diga que as seguradoras “lucraram com a crise” porque a sinistralidade baixou consideravelmente em alguns ramos. Mas a verdade e cito o Dr. José Galamba de Oliveira, presidente da APS – Associação Portuguesa de Seguradores, em entrevista ao ECO, é que “podemos levar meses até termos uma perspetiva mais correta dos impactos.”.

A APS publicou recentemente um estudo onde conclui que as maiores seguradoras baixaram as vendas entre 24% e 32% no 1º trimestre de 2020.

É por isso ainda prematuro concluir sobre os impactos financeiros desta crise na atividade seguradora, mas é indubitável reconhecer que que o setor segurador é um setor resiliente, inovador e que está a conseguir responder a esta crise com responsabilidade.